Multiculturalidade Brasileira foca o que o próprio nome diz: a cultura diversa e riquíssima espalhada por esse país de grandeza continental, através se suas músicas, cores, festas tradicionais e religiosas, refletindo um pouco de cada parte do planeta.
Nesta postagem estaremos abordando algumas das culturas mais tradicionais e emblemáticas que se manifesta em diversas regiões do país, influenciadas pela religião e cultura locais.
MARACATUS DE BAQUE VIRADO OU NAÇÃO HISTÓRICO – Segundo Ascenso Ferreira, as festas em honra dos Reis Magos foram instituídas no Brasil pelos missionários catequistas, que encontraram nas cores distintas que caracterizavam aquelas figuras da história do Nascimento de Jesus, um ponto para a conversão dos elementos indígenas e negros à fé cristã. O Rei Bronzeado para os caboclos, o Rei Negro para os negros importados da África e o Rei Branco como elemento de adoração dos portugueses. O Rei negro era Baltazar e a ele seguiram-se adeptos, em sua grande maioria da raça negra, e nos seus cortejos são encontradas as origens do nosso atual Maracatu de Baque Virado ou Nação. A partir de 1888, a coroação dos Reis do Congo, perdeu a sua razão de ser, pois, não existia mais a necessidade daquela “autoridade” para manter a ordem e a subordinação entre os negros que lhe eram sujeitos. Era no pátio das igrejas que se realizava a coroação dos Reis Negros, cujo cortejo, evoluindo através dos tempos, chegou até nossos dias, destacando-se do grupo das festas de Reis Magos (bumbas-meu-boi, cheganças e pastoris) e entrando para os festejos carnavalescos. A palavra Maracatu, provavelmente, origina-se de uma senha combinada para anunciar a chegada de policiais, que vinham reprimir a brincadeira, a senha era anunciada pelos toque dos tambores emitindo o som: maracatu/maracatu/maracatu. Na linguagem popular, a palavra maracatu é empregada para expressar confusão; desarrumação; fora de ordem, dando respaldo ao pressuposto da origem dessa palavra. Na África não existe nada parecido com o nosso maracatu.
Origens
Surgido em meados do século XVIII, como a maioria das manifestações populares do Brasil, é uma mistura das culturas indígena, africana e europeia.
Os Maracatus mais antigos do Carnaval do Recife, também conhecidos como Maracatu de Baque Virado ou Maracatu Nação, nasceram da tradição do Rei do Congo. A notícia mais remota até pouco tempo conhecida sobre a instituição do Rei do Congo em Pernambuco, é de 1711, em Olinda. Nela fala de uma instituição que compreendia um setor administrativo, festivo, com teatro, música e dança. A parte falada foi sendo eliminada lentamente, resultando em música e dança próprias para homenagear a coroação do rei Congo.
Segundo Peixe (apud René Ribeiro, 1955) a mais antiga notícia certa é a do Padre Lino do Monte Carmelo Luna, que aponta o Maracatu em 1867. Antes disso não há publicações conhecidas sobre o Maracatu em si, apenas registros das Coroações dos Reis Congo, cuja referência mais antiga é de 1674.
Acredita-se que a palavra "maracatu" primeiro designou um instrumento de percussão e, só depois, a dança realizada ao som desse instrumento. Os cronistas portugueses chamavam os infiéis de nação, nome que acabou sendo assumido pelo colonizado. Então, os próprios negros passaram a autodenominar de nações os seus agrupamentos tribais e seus antepassados. E assim escreveram seus estandartes CCMM (Clube Carnavalesco Misto Maracatu).
Mário de Andrade (1982) cita diversas possibilidades de origem da palavra maracatu, entre elas uma provável origem americana: maracá = instrumento ameríndio de percussão; catu = bom, bonito em tupi; marã = guerra, confusão; marãcàtú, e depois maràcàtú valendo como guerra bonita, isto é, reunindo o sentido festivo e o sentido guerreiro no mesmo termo. Mario de Andrade (1982) ainda deixa claro que enumerava vários significados da palavra no intuito de não dar um final, mas um estímulo de divagação que nunca cessasse.
No entanto, sua origem e história não é certa, pois alguns autores ressaltam que o maracatu nasceu nos terreiros de candomblé, quando os escravos reconstituíam a coroação do reis do Congo. Com o advento da Abolição da escravatura, este ritual ganhou as ruas, tornando-se um folguedo carnavalesco e folclórico.
FORMAÇÃO – o Maracatu de Baque Virado ou Nação, tem como seguidores os devotos dos Cultos Afro-brasileiro da linha Nagô. A boneca usada nos cortejos chama-se Calunga, ela encarna a divindade dos orixás, recebendo em sua cabeça os axés e a veneração do grupo. A música vocal denomina-se toadas e inclui versos com procedência africana. Seu início e fim são determinados pelo som de um apito. O tirador de loas é o cantador das toadas, que os integrantes respondem ou repetem ao seu comando. O instrumental, cuja execução se denomina toque, é constituído pelo gonguê, tarol, caixa de guerra e zabumbas.
PERSONAGENS – É formado pelas seguintes figuras: rei, rainha, dama-de-honra da rainha, dama-de-honra do rei, príncipe, princesa, ministro, embaixador, duque, duquesa, conde, condessa, vassalos, damas-de-paço (que portam as calungas durante o desfile do maracatu), porta-estandarte, escravo sustentando a umbrela ou pálio (chapéu-de-sol que protege o casal real e que esta sempre em movimento), figuras de animais, guarda-coroa, corneteiro, baliza, secretário, lanceiros, brasabundo (uma espécie de guarda costa do grupo), batuqueiros (percurssionistas), caboclos de pena e baianas.
O segundo concurso das escolas de samba contou com a participação de 28 agremiações.
O jornal "O Globo" substituía o periódico "O Mundo Esportivo" e patrocinava o evento, que prometia um sucesso ainda maior do que o obtido no ano anterior. O desfile estruturou-se, ganhou o apoio do prefeito Pedro Ernesto, mas estava ainda muito aquém do reconhecimento pretendido pelos sambistas.
Para a divulgação dos desfiles, jornalistas de "O Globo" visitaram algumas escolas para explicar aos leitores o que era uma escola de samba, ainda uma manifestação desconhecida de seus leitores, predominantemente das camadas superiores da sociedade.
Centenas de lâmpadas
A "Vai como Pode" foi a 11ª escola a desfilar, entrando na Praça XI ornamentada e iluminada por centenas de lâmpadas logo após a Recreio de Ramos. Aproximadamente 40.000 pessoas estavam presentes para aplaudir esse segundo desfile oficial da jovem escola de Oswaldo Cruz, região já reconhecida como um dos principais redutos de samba da cidade.
O enredo, ou tema, de autoria de Antônio Caetano, foi "Voando para a Glória", inspirado na Águia, o símbolo da escola. Auxiliando Caetano, Juca, Candinho e os jovens Lino Manuel dos Reis e Euzébio Gonçalves da Silva formavam uma verdadeira equipe, fundamental para as glórias futuras da Portela.
Juntos, a equipe responsável pelo barracão criou um belíssimo castelo no qual pousava uma águia de asas abertas, ponto alto do desfile, além de diversas crianças andando de bicicleta para ilustrar a idéia proposta. O samba, composto por Boaventura dos Santos, o Ventura, foi "O Carnaval da Vitória", que expressava a esperança do pessoal de Oswaldo Cruz na conquista do primeiro campeonato. Contudo, o talento de Ventura e a criatividade de Caetano não foram suficientes para que a escola conquistasse seu primeiro título.
Questão de tempo
A comissão julgadora seria composta por João da Gente, Roberto Lobo, Antônio Veloso, Jorge Murade e Pilar Drumond. Como os três últimos não compareceram, o jornalista Jofre Rodrigues foi chamado para também fazer parte. O resultado final apontou a "Vai como Pode" em quarto lugar, empatada com a "De Mim Ninguém se Lembra", do bairro vizinho de Bento Ribeiro, que contava com o ex-portelense Heitor dos Prazeres.
Nada, porém, abalava a confiança dos sambistas de Oswaldo Cruz. Era apenas o segundo desfile, e todos sabiam que a primeira vitória seria apenas questão de tempo.
Ficha técnica:
Resultado: 4ª Colocada do Grupo 1
Data, Local e Ordem de Desfile: 11ª Escola de 26/02/33, Domingo, Praça XI
Autor do Enredo: Antônio Caetano
Carnavalesco: Antônio Caetano
Presidente: Benício Alberto dos Santos
Samba:
“Parei”
Autor: Licurgo Batista
Parei, parei
De tanto sofrer na vida
Porque já deixei
De quem pra mim foi fingida
Eu arranjei outra que me sabe amar
E por um golpe de sorte
Fui muito forte
Deixei a maré de azar
Década de 40
1940
O grande sucesso do desfile de 1939 encheu os portelenses de esperança para a disputa do bicampeonato. O enredo era "Homenagem à Justiça", idealizado por Lino Manuel dos Reis e desenvolvido com o auxílio de Euzébio, Nô e Hilton.
Para encantar mais um vez a Praça XI, Lino preparou várias alegorias, entre elas as que representavam a liberdade e a justiça. A esperança era que mais uma vez a escola comovesse o público e arrancasse os esperados aplausos.
O samba, novamente composto por Paulo da Portela, tinha um verso em que dizia: "Salve a justiça!". Contudo, na hora em que a escola se apresentava, as pastoras teriam cantado "Pau na justiça!", em vez da letra original do samba.
Protesto ou erro
Sobre a forma com que esse samba foi cantado, existem algumas divergências que ninguém consegue esclarecer corretamente: alguns acreditam que o samba foi modificado propositalmente na hora do desfile, como uma forma de protesto diante do momento político que o país atravessava; outros, no entanto, dizem que foi apenas um erro, sem qualquer intenção de criticar a realidade social brasileira.
De uma forma ou de outra, a verdade é que o resultado acabou não correspondendo às expectativas iniciais. A Portela obteve apenas a quinta colocação, atrás da Mangueira, Mocidade Louca de São Cristovão, Azul e Branco e União de Sampaio.
A comissão julgadora de 1940 foi composta por Modestino Kanto, Francisco Guimarães Romano, Gerhardt Luckman, Arlindo Cardoso e Lourival Dalier Pereira, todos nomeados pessoalmente pelo prefeito Henrique Dodsworth.
Ficha técnica:
Resultado: 5ª Colocada do Grupo 1
Data, Local e Ordem de Desfile: 04/02/40, Domingo, Praça XI
Carnavalesco: Lino Manuel dos Reis e/ou Paulo da Portela
Presidente: Sr. Antonio
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Dodô e Manoel Bam-Bam-Bam
Bateria: Mestre Betinho
Samba enredo:
Autor: Paulo da Portela
Galeria da Escola de Samba Portela - a campeã 2017
A Portela quebrou um jejum de 33 anos e é a grande campeã do carnaval do Rio de 2017. No segundo ano com o carnavalesco Paulo Barros, a escola de Madureira desfilou na avenida as lendas dos rios. Agora com 22 títulos, a Portela é a escola que mais vezes foi campeã.
Com o título, a festa tomou conta da escola de samba em Madureira, que ficou lotada ainda à tarde durante a apuração. A festa aumentou no bairro após o título da Série A do vizinho Império Serrano. As ruas ficaram completamente lotadas.
Assim que foi proclamada a campeã, Luis Carlos Magalhães, presidente da agremiação, sacramentou o fim do jejum. "Acabou essa história".
Baluarte da escola, Tia Surica prometeu feijoada em dobro para celebrar o título. "Eu tô chorando de alegria! E vou tomar todas!", garantiu.
A Acadêmicos do Tatuapé é a escola campeã do carnaval 2017 de São Paulo. Depois do vice em 2016, a escola da Zona Leste levou seu primeiro título com uma homenagem à Mãe África. O campeonato veio no critério de desempate: a escola ficou com a mesma pontuação da Dragões da Real (269,7 pontos), mas teve melhor desempenho no quesito samba-enredo.
Historia
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé nasceu no dia 26 de outubro de 1952, fundada por Osvaldo Vilaça, o Mala, e seus amigos. A escola tinha, nessa época, o nome de Unidos de Vila Santa Isabel, em referência e homenagem ao local onde foi fundada, a Vila Santa Isabel.
Em 1964, com a mudança da sede para a Rua Antônio de Barros, a escola passa a chamar Acadêmicos do Tatuapé. Nesta época eram famosas as rodas de samba na Praça da Sé e a batucada da zona leste era muito respeitada nesses encontros.
Osvaldo Vilaça, o Mala, era muito amigo de Mano Décio da Viola, um dos fundadores do Império Serrano e um dos mais importantes compositores de sambas enredo da história do carnaval do Brasil, alguns deles para a própria Tatuapé. Todos os anos Mala ia ao Rio de Janeiro para ajudar o amigo a armar os enredos da verde e branco de Madureira, com ele ia o figurinista Álvaro Ribeiro. Fruto dessa boa relação a Império Serrano foi a escola madrinha da Acadêmicos do Tatuapé.
A Tatuapé foi por duas vezes (1969 e 1970) terceira colocada no desfile do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo (na época Grupo I) com os enredos "Império Tropical" e a "A Cama de Gonçalo", respectivamente. Sua bateria, comandada por Mestre Sagui, apito de ouro do carnaval paulistano, era muito respeitada por sua cadência e criatividade.
Nos anos 1980 viveu uma fase de declínio, culminando em 86 com a paralisação de suas atividades. Em 1991, já com Roberto Munhoz na presidência, a azul e branco do Tatuapé iniciou a caminhada de volta ao cenário do samba paulistano. Em 92 volta aos desfiles no grupo de seleção (na época vaga aberta) que marcaram o começo de uma fase de três anos de sucessivos bons resultados (1 campeonato e 2 vice-campeonatos). Em 95 volta a desfilar no sambódromo paulistano, já no Grupo II da UESP.
Em 2003, a escola foi a Campeã do grupo de acesso, levando 3 notas dez em todos os quesitos, com o enredo "Abram alas para o Rei abacaxi", depois de 28 anos, finalmente voltando ao Grupo Especial de São Paulo, ficando na frente de escolas como Pérola Negra, Tom Maior, Imperador do Ipiranga e Mancha Verde, todas favoritas daquele ano.
Em 2004, no carnaval temático em homenagem aos 450 anos da cidade de São Paulo, a Tatuapé trouxe como seu enredo o próprio bairro, e um dos fatos marcantes, foi que a Tatuapé foi a única escola juntamente com a Império de Casa Verde a tirar 5 notas dez, no quesito de alegoria, um feito extraordinário se tratando de uma escola recém-chegada ao grupo Especial, terminando em 9º (nono) lugar, entre 16 escolas, à frente de grandes escolas, como Camisa Verde e Branco, Leandro de Itaquera, Unidos do Peruche, Gaviões da Fiel e Vai-Vai.
Já em 2005, com enredo sobre o Pará, não repetiu o bom resultado, terminado em décimo terceiro lugar. Porém, é de se destacar que nesse ano seu samba-enredo, muito agradável de se escutar na voz de Nilson Valentim, esteve entre as músicas mais tocadas nas rádios paraenses e, assim como em 2004, a Acadêmicos do Tatuapé desfilou com a maior ala de baianas do Brasil, eram 200 baianas em uma só ala, fato inédito até os dias de hoje. Naquele ano a escola desfilou com 4.000 componentes, uma das maiores daquele ano.
Em 2006, com o tema Cooperativismo, a escola teve dificuldades financeiras, e acabou rebaixada, porém ganhou o Troféu Nota 10, promovido pelo jornal Diário de S. Paulo, nas categorias Melhor Bateria e Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira e teve um dos melhores intérpretes da nova geração, Celson Mody "Celsinho", que neste mesmo ano ganhou o Prêmio de Melhor Intérprete SASP do Grupo Especial. No grupo de acesso em 2007 e 2008, onde conseguiu apenas dois sextos lugares. Em 2008, recebeu certo destaque na mídia por ter criado o cargo de "Rei da Bateria".
Para o carnaval de 2009, a escola trouxe como rainha de bateria a ex-BBB Jaqueline Khury e cinco anos depois, faz novamente uma homenagem a seu bairro, em enredo desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Carneiro. Mesmo assim, a escola terminou na 8ª colocação, com 329 pontos e desfilaria pelo Grupo de 1 da UESP, em 2010.
Em 2010, uma nova história se inicia na Tatuapé, com o retorno de Diretores afastados da escola desde 2007, com destaque para Eduardo dos Santos, Erivelto Coelho e Antonio Castro, entre outros, resgataram a auto estima da escola, trazendo vários amantes da agremiação de volta, trazendo também para seu time de canto Royce do Cavaco e com o Tema das estações do ano, conseguiu ser Campeã do Grupo I da UESP, ficando 2 pontos e meio a frente da segunda colocada, lembrando que as notas foram fracionadas, isto significa uma distância considerável, retornando assim para o Grupo de Acesso.
No ano de 2011, a escola do Tatuapé contratou o conceituado intérprete Preto Jóia, que fez um ótimo trabalho e trouxe como enredo "O domingo é especial". Foi a 2ª escola a desfilar em 06 de março de 2011, um domingo, levando à avenida um dos sambas mais comentados pela crítica e ganhando uma pesquisa popular do site SASP, como melhor samba-enredo do Grupo de Acesso, mas ficou em 6º lugar com 263,00 pontos, se mantendo neste grupo.
Em 2012 homenageou a cantora Leci Brandão e os próprios 60 anos da Tatuapé, com o enredo "Da arte do samba, nasci pra comunidade, defesa e essência. Sou guerreira". Para desenvolver o enredo, a agremiação contratou o carnavalesco Mauro Xuxa e o intérprete "Vagner Mariano dos Santos", o Vaguinho, às vésperas de gravar o CD oficial do Samba-Enredo. A final do samba ficou marcada na história da escola, com a presença da grande homenageada "Leci Brandão", que esteve ativamente participando dos preparativos, torcendo, incentivando a comunidade a dar o melhor de si e agradecendo a todo momento essa homenagem. No desfile oficial, a cantora, compositora e atualmente deputada estadual, foi aplaudida de pé pelos presentes no Anhembi. A Comissão de Frente trouxe guardiões e um casal de gafieira, além do primeiro casal de MSPB, Diego e Jussara, estreando na escola e já ganhando o Prêmio de melhor casal do grupo de acesso de 2012 do Troféu nota 10, do jornal Diário de S. Paulo. O veterano intérprete Vaguinho cantou o hino da azul e branco com extrema categoria.
A bateria de Mestre Higor acompanhou o samba com muita cadência, destaque para o naipe de chocalhos que deram um tempero todo especial à batucada. As alegorias e fantasias retrataram a vida e obra da artista; o seu nascimento, representado no abre alas, a trajetória musical e artística e sua ligação com a Estação Primeira de Mangueira. Um dos destaques foi a passagem da ala das baianas, que com muita simpatia e dedicação, mesmo com o horário avançado da madrugada, emocionaram o público. Um desfile compacto e o bom trabalho da harmonia garantiram uma apresentação tranquila e sem problemas. A grande homenageada veio na última alegoria. Neste ano ficou em 2º lugar do grupo de acesso de São Paulo, com 179,3 pontos de 180 pontos possíveis. A escola retorna para a elite do Carnaval paulistano.
Em 2013 a escola foi responsável por abrir a primeira noite de desfiles do Grupo Especial, programado para a noite de sexta-feira, dia 8 de fevereiro, com desenvolvimento do carnavalesco Mauro Xuxa, que pelo segundo ano coloriu a avenida com o enredo "Beth Carvalho, a madrinha do samba". Um ano histórico, e com certeza um dos maiores desfiles da história da agremiação, um carnaval muito bem planejado e inteligentemente executado. Das escolas que abriram o desfile da sexta-feira de carnaval em 13 anos apenas 4 conseguiram se manter no grupo especial e a Tatuapé foi uma delas.
Um desfile feito com muito cuidado, tendo 5 alas maquiadas, 2 carros alegóricos com grupos coreográficos, todos os calçados da escola foram decorados um a um, uma ala musical com mais de 30 pessoas no coral, teclado, mais de 5 mil rolos de espelhos utilizados, fantasias muito bem acabadas, justificando a nota 30. Enfim, mais um desfile memorável.
Em 2014 a Acadêmicos do Tatuapé teve a incumbência de fechar o desfile de carnaval de São Paulo, sétima escola a desfilar no sábado de carnaval, a escola fez bonito, com o enredo “Poder, fé e devoção. São Jorge Guerreiro”, 2.500 componentes divinamente fantasiados, carros alegóricos com sofisticado acabamento, alas coreografados, casal de mestre sala e porta bandeira em perfeita sintonia, bateria Qualidade Especial sendo a única a tirar nota máxima, ala musical esbanjando competência e cantando o samba, que para muitos entendedores de carnaval, foi um dos melhores do ano, a escola, cumprindo a risca o desejo de sua diretoria, fez o melhor desfile de sua vida, chegando a ficar à frente em quase toda apuração, encerrado o sétimo dos nove quesitos validos o Tatuapé era o líder isolado na apuração, a sexta colocação ao final da apuração foi muito comemorada, merecidamente, por toda comunidade tatuapeense.
Para 2015 a escola prepara outro grande desfile, mais luxuoso e ainda maior que o desfile anterior, com o enredo “Ouro, símbolo da riqueza e da ambição” a escola conta com a força de sua comunidade, com a alegria de seu povo e com a competência de seus profissionais para fazer, mais uma vez, o melhor desfile de sua vida e, dessa vez, conquistar o título tão sonhado.
Em 2015, com o enredo “Ouro, simbolo da riqueza e ambição”, a escola fez seu melhor e maior desfile em 63 anos de vida. A escola, luxuosamente fantasiada, com alegorias gigantescas e muito bem acabadas, contagiou o publico presente ao Anhembi com seus 2.600 componentes cantando e sambando com muita empolgação. Nos segundos finais do desfile um erro na administração do tempo de desfile fez com que a escola ultrapassasse seu tempo regulamentar de desfile e, em consequência disso, sofresse a punição de 1 ponto e 1 décimo, a penalidade fez com que esse desfile maravilhoso servisse apenas para manter a escola no grupo especial do carnaval paulistano.
Em 2016 a escola fez, novamente, um desfile inesquecível, com o enredo “É ela, a deusa da passarela. Olha a Beija-Flor ai gente.” a azul e branco do Tatuapé conquistou seu melhor resultado em 63 anos de história, o merecido vice campeonato coroou um desfile emocionante, que reviveu no sambódromo paulistano os melhores momentos da escola carioca, super campeã do carnaval.
Para 2017 estamos preparando mais um desfile inesquecível, maior, melhor, mais luxuoso e, ainda mais emocionante que o desfile de 2016.
Nosso enredo "Mãe África conta a sua história. Do berço sagrado da humanidade à abençoada terra do grande Zimbabwe" é uma homenagem ao continente africano e ao Zimbabwe, exaltando a influência da Ubuntu, filosofia africana cujo significado é a humanidade com os outros, conceito amplo sobre a essência do ser humano e a forma como se comporta em sociedade. Para os africanos, Ubuntu é a capacidade humana de compreender, aceitar e tratar bem o outro, uma ideia semelhante à de amor ao próximo.
Com essa inspiração e com a força de nossa comunidade, vamos, de novo, fazer o melhor desfile de nossa história e brigar, como todos os anos, pela primeira estrela em nosso pavilhão.
Acadêmicos do Tatuapé: veja o vídeo do desfile completo da escola no Carnaval 2017
Nesse
país de dimensões continental não há nada que faça o nosso povo
sentir mais alegria do o Carnaval.
Diante de tamanha diversidade cultural espalhada por essas terras de todos os santos, o Carnaval no Brasil tem uma história muito rica, do ponto de vista da formação da nossa sociedade e, principalmente, do ponto de vista religioso, aspecto que torna crucial o fato do nosso país ser uma nação laica.
Contando a história do Carnaval brasileiro podemos entender vários aspectos importantes da História do Brasil. E, para entendermos melhor todos esses eventos que marcaram a política, a economia, a educação e, principalmente a cultura e a religião, compartilho com vocês, o artigo da historiados e pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco.
Carnaval no Nordeste do Brasil
O Carnaval, festa de antiga tradição católica originada na Europa, realiza-se anualmente nos três dias que antecedem a Quaresma. Introduzido no Brasil pelos colonizadores portugueses, era conhecido por Entrudo nos primeiros séculos de vida colonial. Nesse período, costumava-se fazer uso dos jogos de limas e limões de cheiro ou o de atirar pós e vasilhames de água e de outros líquidos uns nos outros. O brinquedo era vivenciado entre famílias nas moradas senhoriais ou nas ruas e nos largos onde geralmente se divertiam os escravos e os homens livres pobres.
Durante o Império, a festa dedicada ao riso e ao prazer passou a denominar-se mais comumente de Carnaval. As elites urbanas pouco a pouco foram abandonando o brinquedo do Entrudo e voltaram os olhos para os carnavais das cidades mais progressistas da Europa, a exemplo de Nice, Paris, Nápoles, Roma e Veneza, onde a folia era animada por bailes, danças, músicas, salões iluminados, banquetes, cortejos e desfiles de máscaras e trajes luxuosos pelas ruas das cidades. Esses divertimentos eram tidos como sinal de civilização e progresso, de elegância e adiantamento cultural.
A partir de meados do século XIX, surgiram as sociedades carnavalescas, formadas por membros das elites socioeconômicas e culturais urbanas cujos sócios exibiam-se mascarados, desfilando em carros de alegoria e crítica. Fazer crítica aos costumes, à política e aos tipos sociais através do riso e do humor e sem cometer ofensas pessoais era prática extremamente valorizada. Salvador, na Bahia, teve o Bando Anunciador dos Festejos Carnavalescos, os Cavalheiros do Luar e os Cavalheiros da Noite, cujos integrantes eram os moços do comércio e alguns caixeiros de escrita. Na década de 1890, apareceram os clubes de negros que desfilavam em luxuosos carros de críticas e de idéias, acompanhados por uma charanga composta por instrumentos africanos. Seus nomes remetiam à África: Embaixada Africana e Pândegos d’África, Chegada Africana e Guerreiros d’África. Esses grandes clubes de negros constituíram uma particularidade do Carnaval de Salvador.
No Recife, o Carnaval das máscaras, das críticas e das alegorias era representado pelas sociedades carnavalescas Asmodeu, Garibaldina, Comuna Carnavalesca, Azucrins, Os Philomomos, Cavalheiros da Época, Fantoches do Recife, Clube Cara Dura, Seis e Meia do Arraial e outros. Em 1883, o Clube Francisquinha fazia a alegria do Carnaval de rua de São Luís do Maranhão. De presença mais marcantes nas folias de Momo a partir da década de 1870, os clubes de alegoria e crítica entraram em franca decadência nos primeiros anos do século XX.
As camadas populares, por sua vez, continuaram a ocupar as ruas com seus brinquedos e suas diversões, sendo objeto de desprezo das elites, de críticas da imprensa e de repressão policial — segmentos que os viam como sinal de ignorância e de atraso socioeconômico e como um potencial perigo à ordem pública. No Recife, além doEntrudo, o “populacho” entregava-se aos sambas, aos maracatus e às cambindas, divertiam-se com o Rei do Congo, os fandangos e o bumba-meu-boi. Em São Luís, no final do século XIX, proliferaram os baralhos — bando de negros pintados de branco, portando sombrinhas ou guarda-chuvas — e os cordões de ursos, fofões, morcegos, mortes, sujos e de outros bichos como guarás, carneiros, águias. Na folia de Salvador, os “caretas” apareciam envoltos em esteiras de catolé ou com folhas de árvore recobrindo os abadás; além da caricatura do Ioiô Mandu, fantasia confeccionada com anágua, peneira, cabo de vassoura e um paletó velho.
Em 1905, a fim de evitar o chamado processo de “africanização” do Carnaval de Salvador, foram intensificadas as medidas repressivas aos folguedos populares carnavalescos de rua, que incluíam os batuques, sambas e candomblés. Até o início dos anos 1930, não são conhecidas notícias de clubes ou blocos que evocassem a África ou executassem batuques nas ruas centrais da capital baiana.
No Recife, a partir de 1880, década em que foi abolida a escravidão e proclamada a República no Brasil, multiplicou-se o número de agremiações carnavalescas populares nas ruas, formadas por trabalhadores urbanos, artífices e artesãos, operários, caixeiros, feirantes, domésticos. Quando se apresentavam em público, arrastavam toda sorte de gente: desocupados, vadios, moleques de rua, capoeiras. Dentre os clubes carnavalescos pedestres, predominavam aqueles que se faziam acompanhar pelas bandas de música ou orquestras de metais que executavam as vibrantes marchas carnavalescas, mais tarde conhecidas por marchas pernambucanas e, finalmente, por frevo: Caiadores, Caninha Verde, Vassourinhas,Pás, Lenhadores, Vasculhadores, Espanadores, Ciscadores, Ferreiros, Empalhadores do Feitosa, Suineiros da Matinha, Engomadeiras, Parteiras de São José, Cigarreiras Revoltosas, Verdureiros em Greve, em meio a tantos outros. No vaivém dos clubes e troças, nasceram o frevo e o passo pernambucanos. No início do século XXI, convencionou-se que o frevo nasceu em 1907, ano em que foi encontrado o primeiro registro da palavra frevo em um jornal local, o Jornal Pequeno, na edição de 9 de fevereiro de 1907.
Os maracatus nações, com suas loas e toadas de bombo, também considerados pelas elites como periculosos, infectos, produtores de “um barulho infernal”, passaram a ser mais ou menos tolerados pelas elites pernambucanas a partir das décadas de 1920 e 1930, talvez por remeterem à tradicional cerimônia do Rei do Congo e pelo fato de alguns se exibirem “vistosamente organizados”. Negros, mulatos e caboclos buscaram ainda espaço na folia organizados nos Caboclinhos, grupos que se apresentavam com músicas, danças e indumentária que evocavam os auto-hieráticos utilizados pelos missionários jesuítas na catequese dos índios: Tribo Canindés (1897), Carijós (1899), Tupinambás (1906) e Taperaguases (1916).
A partir de 1930, teve início o processo de oficialização do Carnaval no Brasil e as manifestações culturais oriundas das camadas populares passaram a ser reconhecidas como a grande força e expressão do Carnaval. No Recife, a Federação Carnavalesca Pernambucana, fundada em 1935, tornou-se responsável pela organização dos festejos e definiu as categorias das agremiações carnavalescas de rua: clube de frevo, troça, bloco, maracatu nação ou de baque virado e caboclinhos. Ficaram excluídos da lista os populares ursos e bois de Carnaval e os maracatus de baque solto. Nesse período, o frevo passou a ser considerado oficialmente como símbolo de identidade cultural de Pernambuco. Em São Luís, em 1929, surgiram as turmas de batucada ou blocos que recuperaram os ritmos tradicionais locais. Em Salvador, o Carnaval popular recuperou o ânimo a partir de 1949, com a criação do afoxé Filhos de Gandhi, grupo formado por estivadores e ligado ao candomblé.
Na década de 1950, as prefeituras do Recife e de São Luís assumiram a organização dos respectivos Carnavais e instituíram os concursos oficiais entre as diferentes categorias de agremiações carnavalescas. Tinham a intenção, entre outras, de transformar o Carnaval em produto turístico e num grandeespetáculo ao ar livre. O surgimento do trio elétrico, que modificou radicalmente a estrutura e a forma dos festejos carnavalescos de Salvador, data de 1951. Nos anos 1980, os trios elétricos eram vistos animando os Carnavais e as Micaremes, os chamados “Carnavais fora de época”, em diversas cidades brasileiras.
Durante os anos da ditadura militar, os Carnavais de rua do Recife, de Salvador e de São Luís quase desapareceram. Começaram a recobrar força e energia com os primeiros sinais de abertura política, a partir de 1975. Em Pernambuco, explodiram os festejos nas ruas de Olinda onde os clubes carnavalescos exibiam-se em meio ao povo, sem os desfiles, as passarelas e os concursos oficiais. Em 1978, no Recife, surgiu o Clube de Máscaras O Galo da Madrugada, que se tornaria a maior agremiação carnavalesca do mundo, conforme registro noGuinness Book, o livro dos recordes, na virada do século XX para o XXI. Em São Luís, impulsionados pelo crescimento do Movimento Negro, apareceram, por volta de 1984, os primeiros blocos de matriz cultural afro-brasileira e, desde os anos 1990,o Carnaval tem mostrado sua vitalidade através das expressões culturais de raízes locais.
Na cidade de Salvador, os Filhos de Gandhi e o Ilê Aiyê, criado em 1974, afirmaram-se como grandes expressões da negritude, contribuindo para o processo de preservação, fortalecimento e valorização da identidade étnica e cultural dos afrodescendentes e dando sentido positivo à chamada “reafricanização” do Carnaval da Bahia. Afoxés e blocos de negros dividem, hoje, as avenidas e as atenções do público e dos meios de comunicação de massa com os trios elétricos e os blocos com seus abadás e cordões de isolamento. Ao findar o século XX, a festa baiana já havia se convertido num rentável e lucrativo empreendimento comercial, sujeito à lógica do mercado, embora muitos ainda o procurem simplesmente para rir, divertir-se e brincar.