Nesta postagem estaremos abordando algumas das culturas mais tradicionais e emblemáticas que se manifesta em diversas regiões do país, influenciadas pela religião e cultura locais.
MARACATUS DE BAQUE VIRADO OU NAÇÃO
HISTÓRICO – Segundo Ascenso Ferreira, as festas em honra dos Reis Magos foram instituídas no Brasil pelos missionários catequistas, que encontraram nas cores distintas que caracterizavam aquelas figuras da história do Nascimento de Jesus, um ponto para a conversão dos elementos indígenas e negros à fé cristã. O Rei Bronzeado para os caboclos, o Rei Negro para os negros importados da África e o Rei Branco como elemento de adoração dos portugueses. O Rei negro era Baltazar e a ele seguiram-se adeptos, em sua grande maioria da raça negra, e nos seus cortejos são encontradas as origens do nosso atual Maracatu de Baque Virado ou Nação. A partir de 1888, a coroação dos Reis do Congo, perdeu a sua razão de ser, pois, não existia mais a necessidade daquela “autoridade” para manter a ordem e a subordinação entre os negros que lhe eram sujeitos. Era no pátio das igrejas que se realizava a coroação dos Reis Negros, cujo cortejo, evoluindo através dos tempos, chegou até nossos dias, destacando-se do grupo das festas de Reis Magos (bumbas-meu-boi, cheganças e pastoris) e entrando para os festejos carnavalescos. A palavra Maracatu, provavelmente, origina-se de uma senha combinada para anunciar a chegada de policiais, que vinham reprimir a brincadeira, a senha era anunciada pelos toque dos tambores emitindo o som: maracatu/maracatu/maracatu. Na linguagem popular, a palavra maracatu é empregada para expressar confusão; desarrumação; fora de ordem, dando respaldo ao pressuposto da origem dessa palavra. Na África não existe nada parecido com o nosso maracatu.
Origens
Surgido em meados do século XVIII, como a maioria das manifestações populares do Brasil, é uma mistura das culturas indígena, africana e europeia.
Os Maracatus mais antigos do Carnaval do Recife, também conhecidos como Maracatu de Baque Virado ou Maracatu Nação, nasceram da tradição do Rei do Congo. A notícia mais remota até pouco tempo conhecida sobre a instituição do Rei do Congo em Pernambuco, é de 1711, em Olinda. Nela fala de uma instituição que compreendia um setor administrativo, festivo, com teatro, música e dança. A parte falada foi sendo eliminada lentamente, resultando em música e dança próprias para homenagear a coroação do rei Congo.
Segundo Peixe (apud René Ribeiro, 1955) a mais antiga notícia certa é a do Padre Lino do Monte Carmelo Luna, que aponta o Maracatu em 1867. Antes disso não há publicações conhecidas sobre o Maracatu em si, apenas registros das Coroações dos Reis Congo, cuja referência mais antiga é de 1674.
Acredita-se que a palavra "maracatu" primeiro designou um instrumento de percussão e, só depois, a dança realizada ao som desse instrumento. Os cronistas portugueses chamavam os infiéis de nação, nome que acabou sendo assumido pelo colonizado. Então, os próprios negros passaram a autodenominar de nações os seus agrupamentos tribais e seus antepassados. E assim escreveram seus estandartes CCMM (Clube Carnavalesco Misto Maracatu).
Mário de Andrade (1982) cita diversas possibilidades de origem da palavra maracatu, entre elas uma provável origem americana: maracá = instrumento ameríndio de percussão; catu = bom, bonito em tupi; marã = guerra, confusão; marãcàtú, e depois maràcàtú valendo como guerra bonita, isto é, reunindo o sentido festivo e o sentido guerreiro no mesmo termo. Mario de Andrade (1982) ainda deixa claro que enumerava vários significados da palavra no intuito de não dar um final, mas um estímulo de divagação que nunca cessasse.
No entanto, sua origem e história não é certa, pois alguns autores ressaltam que o maracatu nasceu nos terreiros de candomblé, quando os escravos reconstituíam a coroação do reis do Congo. Com o advento da Abolição da escravatura, este ritual ganhou as ruas, tornando-se um folguedo carnavalesco e folclórico.
FORMAÇÃO – o Maracatu de Baque Virado ou Nação, tem como seguidores os devotos dos Cultos Afro-brasileiro da linha Nagô. A boneca usada nos cortejos chama-se Calunga, ela encarna a divindade dos orixás, recebendo em sua cabeça os axés e a veneração do grupo. A música vocal denomina-se toadas e inclui versos com procedência africana. Seu início e fim são determinados pelo som de um apito. O tirador de loas é o cantador das toadas, que os integrantes respondem ou repetem ao seu comando. O instrumental, cuja execução se denomina toque, é constituído pelo gonguê, tarol, caixa de guerra e zabumbas.
PERSONAGENS – É formado pelas seguintes figuras: rei, rainha, dama-de-honra da rainha, dama-de-honra do rei, príncipe, princesa, ministro, embaixador, duque, duquesa, conde, condessa, vassalos, damas-de-paço (que portam as calungas durante o desfile do maracatu), porta-estandarte, escravo sustentando a umbrela ou pálio (chapéu-de-sol que protege o casal real e que esta sempre em movimento), figuras de animais, guarda-coroa, corneteiro, baliza, secretário, lanceiros, brasabundo (uma espécie de guarda costa do grupo), batuqueiros (percurssionistas), caboclos de pena e baianas.
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