A Acadêmicos do Tatuapé é a escola campeã do carnaval 2017 de São Paulo. Depois do vice em 2016, a escola da Zona Leste levou seu primeiro título com uma homenagem à Mãe África. O campeonato veio no critério de desempate: a escola ficou com a mesma pontuação da Dragões da Real (269,7 pontos), mas teve melhor desempenho no quesito samba-enredo.
Historia
O Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé nasceu no dia 26 de outubro de 1952, fundada por Osvaldo Vilaça, o Mala, e seus amigos. A escola tinha, nessa época, o nome de Unidos de Vila Santa Isabel, em referência e homenagem ao local onde foi fundada, a Vila Santa Isabel.
Em 1964, com a mudança da sede para a Rua Antônio de Barros, a escola passa a chamar Acadêmicos do Tatuapé. Nesta época eram famosas as rodas de samba na Praça da Sé e a batucada da zona leste era muito respeitada nesses encontros.
Osvaldo Vilaça, o Mala, era muito amigo de Mano Décio da Viola, um dos fundadores do Império Serrano e um dos mais importantes compositores de sambas enredo da história do carnaval do Brasil, alguns deles para a própria Tatuapé. Todos os anos Mala ia ao Rio de Janeiro para ajudar o amigo a armar os enredos da verde e branco de Madureira, com ele ia o figurinista Álvaro Ribeiro. Fruto dessa boa relação a Império Serrano foi a escola madrinha da Acadêmicos do Tatuapé.
A Tatuapé foi por duas vezes (1969 e 1970) terceira colocada no desfile do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo (na época Grupo I) com os enredos "Império Tropical" e a "A Cama de Gonçalo", respectivamente. Sua bateria, comandada por Mestre Sagui, apito de ouro do carnaval paulistano, era muito respeitada por sua cadência e criatividade.
Nos anos 1980 viveu uma fase de declínio, culminando em 86 com a paralisação de suas atividades. Em 1991, já com Roberto Munhoz na presidência, a azul e branco do Tatuapé iniciou a caminhada de volta ao cenário do samba paulistano. Em 92 volta aos desfiles no grupo de seleção (na época vaga aberta) que marcaram o começo de uma fase de três anos de sucessivos bons resultados (1 campeonato e 2 vice-campeonatos). Em 95 volta a desfilar no sambódromo paulistano, já no Grupo II da UESP.
Em 2003, a escola foi a Campeã do grupo de acesso, levando 3 notas dez em todos os quesitos, com o enredo "Abram alas para o Rei abacaxi", depois de 28 anos, finalmente voltando ao Grupo Especial de São Paulo, ficando na frente de escolas como Pérola Negra, Tom Maior, Imperador do Ipiranga e Mancha Verde, todas favoritas daquele ano.
Em 2004, no carnaval temático em homenagem aos 450 anos da cidade de São Paulo, a Tatuapé trouxe como seu enredo o próprio bairro, e um dos fatos marcantes, foi que a Tatuapé foi a única escola juntamente com a Império de Casa Verde a tirar 5 notas dez, no quesito de alegoria, um feito extraordinário se tratando de uma escola recém-chegada ao grupo Especial, terminando em 9º (nono) lugar, entre 16 escolas, à frente de grandes escolas, como Camisa Verde e Branco, Leandro de Itaquera, Unidos do Peruche, Gaviões da Fiel e Vai-Vai.
Já em 2005, com enredo sobre o Pará, não repetiu o bom resultado, terminado em décimo terceiro lugar. Porém, é de se destacar que nesse ano seu samba-enredo, muito agradável de se escutar na voz de Nilson Valentim, esteve entre as músicas mais tocadas nas rádios paraenses e, assim como em 2004, a Acadêmicos do Tatuapé desfilou com a maior ala de baianas do Brasil, eram 200 baianas em uma só ala, fato inédito até os dias de hoje. Naquele ano a escola desfilou com 4.000 componentes, uma das maiores daquele ano.
Em 2006, com o tema Cooperativismo, a escola teve dificuldades financeiras, e acabou rebaixada, porém ganhou o Troféu Nota 10, promovido pelo jornal Diário de S. Paulo, nas categorias Melhor Bateria e Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira e teve um dos melhores intérpretes da nova geração, Celson Mody "Celsinho", que neste mesmo ano ganhou o Prêmio de Melhor Intérprete SASP do Grupo Especial. No grupo de acesso em 2007 e 2008, onde conseguiu apenas dois sextos lugares. Em 2008, recebeu certo destaque na mídia por ter criado o cargo de "Rei da Bateria".
Para o carnaval de 2009, a escola trouxe como rainha de bateria a ex-BBB Jaqueline Khury e cinco anos depois, faz novamente uma homenagem a seu bairro, em enredo desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Carneiro. Mesmo assim, a escola terminou na 8ª colocação, com 329 pontos e desfilaria pelo Grupo de 1 da UESP, em 2010.
Em 2010, uma nova história se inicia na Tatuapé, com o retorno de Diretores afastados da escola desde 2007, com destaque para Eduardo dos Santos, Erivelto Coelho e Antonio Castro, entre outros, resgataram a auto estima da escola, trazendo vários amantes da agremiação de volta, trazendo também para seu time de canto Royce do Cavaco e com o Tema das estações do ano, conseguiu ser Campeã do Grupo I da UESP, ficando 2 pontos e meio a frente da segunda colocada, lembrando que as notas foram fracionadas, isto significa uma distância considerável, retornando assim para o Grupo de Acesso.
No ano de 2011, a escola do Tatuapé contratou o conceituado intérprete Preto Jóia, que fez um ótimo trabalho e trouxe como enredo "O domingo é especial". Foi a 2ª escola a desfilar em 06 de março de 2011, um domingo, levando à avenida um dos sambas mais comentados pela crítica e ganhando uma pesquisa popular do site SASP, como melhor samba-enredo do Grupo de Acesso, mas ficou em 6º lugar com 263,00 pontos, se mantendo neste grupo.
Em 2012 homenageou a cantora Leci Brandão e os próprios 60 anos da Tatuapé, com o enredo "Da arte do samba, nasci pra comunidade, defesa e essência. Sou guerreira". Para desenvolver o enredo, a agremiação contratou o carnavalesco Mauro Xuxa e o intérprete "Vagner Mariano dos Santos", o Vaguinho, às vésperas de gravar o CD oficial do Samba-Enredo. A final do samba ficou marcada na história da escola, com a presença da grande homenageada "Leci Brandão", que esteve ativamente participando dos preparativos, torcendo, incentivando a comunidade a dar o melhor de si e agradecendo a todo momento essa homenagem. No desfile oficial, a cantora, compositora e atualmente deputada estadual, foi aplaudida de pé pelos presentes no Anhembi. A Comissão de Frente trouxe guardiões e um casal de gafieira, além do primeiro casal de MSPB, Diego e Jussara, estreando na escola e já ganhando o Prêmio de melhor casal do grupo de acesso de 2012 do Troféu nota 10, do jornal Diário de S. Paulo. O veterano intérprete Vaguinho cantou o hino da azul e branco com extrema categoria.
A bateria de Mestre Higor acompanhou o samba com muita cadência, destaque para o naipe de chocalhos que deram um tempero todo especial à batucada. As alegorias e fantasias retrataram a vida e obra da artista; o seu nascimento, representado no abre alas, a trajetória musical e artística e sua ligação com a Estação Primeira de Mangueira. Um dos destaques foi a passagem da ala das baianas, que com muita simpatia e dedicação, mesmo com o horário avançado da madrugada, emocionaram o público. Um desfile compacto e o bom trabalho da harmonia garantiram uma apresentação tranquila e sem problemas. A grande homenageada veio na última alegoria. Neste ano ficou em 2º lugar do grupo de acesso de São Paulo, com 179,3 pontos de 180 pontos possíveis. A escola retorna para a elite do Carnaval paulistano.
Em 2013 a escola foi responsável por abrir a primeira noite de desfiles do Grupo Especial, programado para a noite de sexta-feira, dia 8 de fevereiro, com desenvolvimento do carnavalesco Mauro Xuxa, que pelo segundo ano coloriu a avenida com o enredo "Beth Carvalho, a madrinha do samba". Um ano histórico, e com certeza um dos maiores desfiles da história da agremiação, um carnaval muito bem planejado e inteligentemente executado. Das escolas que abriram o desfile da sexta-feira de carnaval em 13 anos apenas 4 conseguiram se manter no grupo especial e a Tatuapé foi uma delas.
Um desfile feito com muito cuidado, tendo 5 alas maquiadas, 2 carros alegóricos com grupos coreográficos, todos os calçados da escola foram decorados um a um, uma ala musical com mais de 30 pessoas no coral, teclado, mais de 5 mil rolos de espelhos utilizados, fantasias muito bem acabadas, justificando a nota 30. Enfim, mais um desfile memorável.
Em 2014 a Acadêmicos do Tatuapé teve a incumbência de fechar o desfile de carnaval de São Paulo, sétima escola a desfilar no sábado de carnaval, a escola fez bonito, com o enredo “Poder, fé e devoção. São Jorge Guerreiro”, 2.500 componentes divinamente fantasiados, carros alegóricos com sofisticado acabamento, alas coreografados, casal de mestre sala e porta bandeira em perfeita sintonia, bateria Qualidade Especial sendo a única a tirar nota máxima, ala musical esbanjando competência e cantando o samba, que para muitos entendedores de carnaval, foi um dos melhores do ano, a escola, cumprindo a risca o desejo de sua diretoria, fez o melhor desfile de sua vida, chegando a ficar à frente em quase toda apuração, encerrado o sétimo dos nove quesitos validos o Tatuapé era o líder isolado na apuração, a sexta colocação ao final da apuração foi muito comemorada, merecidamente, por toda comunidade tatuapeense.
Para 2015 a escola prepara outro grande desfile, mais luxuoso e ainda maior que o desfile anterior, com o enredo “Ouro, símbolo da riqueza e da ambição” a escola conta com a força de sua comunidade, com a alegria de seu povo e com a competência de seus profissionais para fazer, mais uma vez, o melhor desfile de sua vida e, dessa vez, conquistar o título tão sonhado.
Em 2015, com o enredo “Ouro, simbolo da riqueza e ambição”, a escola fez seu melhor e maior desfile em 63 anos de vida. A escola, luxuosamente fantasiada, com alegorias gigantescas e muito bem acabadas, contagiou o publico presente ao Anhembi com seus 2.600 componentes cantando e sambando com muita empolgação. Nos segundos finais do desfile um erro na administração do tempo de desfile fez com que a escola ultrapassasse seu tempo regulamentar de desfile e, em consequência disso, sofresse a punição de 1 ponto e 1 décimo, a penalidade fez com que esse desfile maravilhoso servisse apenas para manter a escola no grupo especial do carnaval paulistano.
Em 2016 a escola fez, novamente, um desfile inesquecível, com o enredo “É ela, a deusa da passarela. Olha a Beija-Flor ai gente.” a azul e branco do Tatuapé conquistou seu melhor resultado em 63 anos de história, o merecido vice campeonato coroou um desfile emocionante, que reviveu no sambódromo paulistano os melhores momentos da escola carioca, super campeã do carnaval.
Para 2017 estamos preparando mais um desfile inesquecível, maior, melhor, mais luxuoso e, ainda mais emocionante que o desfile de 2016.
Nosso enredo "Mãe África conta a sua história. Do berço sagrado da humanidade à abençoada terra do grande Zimbabwe" é uma homenagem ao continente africano e ao Zimbabwe, exaltando a influência da Ubuntu, filosofia africana cujo significado é a humanidade com os outros, conceito amplo sobre a essência do ser humano e a forma como se comporta em sociedade. Para os africanos, Ubuntu é a capacidade humana de compreender, aceitar e tratar bem o outro, uma ideia semelhante à de amor ao próximo.
Com essa inspiração e com a força de nossa comunidade, vamos, de novo, fazer o melhor desfile de nossa história e brigar, como todos os anos, pela primeira estrela em nosso pavilhão.
Acadêmicos do Tatuapé: veja o vídeo do desfile completo da escola no Carnaval 2017